Advogados dos acusados na investigação da trama golpista aguardam a formalização da denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR), prevista para fevereiro. Segundo fontes consultadas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deve aplicar penas médias de 20 anos de prisão aos principais indiciados, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, atualmente preso.
Principais crimes e previsão de penas
Os advogados baseiam suas previsões na jurisprudência recente do STF, como o caso de Aécio Lúcio Costa Pereira, condenado em setembro de 2023 a 17 anos de prisão por crimes como danos qualificados, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e associação criminosa. Segundo um advogado envolvido, “a pena média para esses casos deve ser de 20 anos, considerando o impacto das ações dos indiciados no contexto golpista”.
Entre as acusações contra Bolsonaro estão tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e abolição do Estado Democrático de Direito. A pena máxima para esses crimes pode atingir 28 anos. Braga Netto, por sua vez, é apontado como um dos líderes de uma organização que teria estruturado ataques a opositores e instituições democráticas com o objetivo de manter Bolsonaro no poder.
Protagonismo na trama e agravamento das penas
Os advogados destacam que a gravidade das penas pode aumentar para aqueles considerados protagonistas na trama golpista. “Os investigados com maior participação que os manifestantes tendem a enfrentar penas mais rigorosas”, afirmou um dos defensores. Essa leitura é corroborada pela postura do STF em casos anteriores relacionados às tentativas de desestabilização da democracia. Além disso, o contexto político e jurídico intensifica a necessidade de punições exemplares.
Composição do STF e impacto nas decisões
A Primeira Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Flávio Dino e Cristiano Zanin, tem demonstrado alinhamento em relação às decisões de Moraes nos processos envolvendo bolsonaristas e atos golpistas. Esse respaldo unânime reforça a expectativa de condenações severas, seguindo um padrão observado ao longo de 2024. Portanto, o julgamento promete consolidar uma linha dura contra os envolvidos.
Preocupações com a falta de segunda instância
Uma das maiores preocupações das defesas é a ausência de um segundo grau de jurisdição. “Sem a possibilidade de apelação em uma segunda instância, com magistrados diferentes, fica evidente o risco de penas excessivamente altas”, afirmou um advogado. Essa limitação no sistema judicial é vista como um fator que aumenta a pressão sobre os investigados e suas equipes jurídicas. Além disso, a opinião pública acompanha o caso com grande atenção.
Com a aproximação da denúncia oficial da PGR, o caso promete atrair ainda mais atenção da opinião pública e reacender o debate sobre a eficácia das instâncias superiores no Brasil.