Os moradores de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, estão cada vez mais insatisfeitos e desconfiados com a lentidão no julgamento do processo que pode resultar na cassação da chapa majoritária eleita em 2024, formada pelo prefeito Del do Cristo Rei, a vice Simone Costa e liderada pelo ex-prefeito Diógenes Tolentino, conhecido como Dinha. O juiz eleitoral da comarca de Simões Filho, Gustavo Rubens Hungria, enfrenta críticas por, supostamente, protelar decisões que poderiam definir o futuro político da cidade.
De acordo com a portaria 1065/2024, o magistrado foi designado para substituir Rogério Miguel Rossi na 33ª Zona Eleitoral. No entanto, após 68 dias sem avanços significativos, surgem questionamentos sobre os motivos dessa inércia.
Fase decisiva é adiada
Atualmente, os processos encontram-se na fase final de oitivas das testemunhas de defesa. São oito depoimentos pendentes, cuja conclusão permitirá ao Ministério Público emitir seu parecer antes do juiz proferir a sentença. Contudo, a demora tem gerado desconfiança entre os cidadãos.
Para muitos, a postura do magistrado reflete descaso com as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Eleitoral, que acusa a chapa vencedora das eleições de 2024 de abuso de poder econômico e político. Além disso, outros processos envolvem a possível cassação de mandatos de vereadores por irregularidades eleitorais na Cota de Gênero.
Repercussão e revolta popular
A lentidão no julgamento tem causado indignação. Na última terça-feira, uma moradora protestou em frente aos prédios da prefeitura, Câmara Municipal e fórum, segurando um cartaz com os dizeres: “Queremos justiça com descasos na ciade de simões filho” . A manifestação reflete a insatisfação generalizada da população, que enxerga na demora sinais de manipulação ou negligência.
Rumores infundados de que os acusados estariam influenciando o processo também ganham força. Embora não haja provas concretas, essas narrativas alimentam a desconfiança pública e colocam em xeque a credibilidade do Poder Judiciário local.

Protelar beneficia os acusados e prejudica a confiança no sistema eleitoral
Especialistas ouvidos pela reportagem do Tudo é Política, apontam que a estratégia de protelar o julgamento pode beneficiar diretamente os acusados. Isso porque, enquanto o processo permanece inconcluso, o prefeito atual, Del do Cristo Rei, continua administrando a cidade normalmente. Essa situação gera na população a sensação de que “valeu a pena” infringir a lei, já que os responsáveis por manter a lisura dos processos eleitorais não tomam as devidas providências para combater fraudes nas eleições.
Além disso, caso o impasse persista sem solução até as próximas eleições de 2026 e 2028, surge um questionamento crucial: como o juiz eleitoral da comarca de Simões Filho se dirigirá à população para promover o cadastramento biométrico, falar sobre o “espetáculo da democracia” e incentivar o exercício do voto? Essa pergunta ecoa entre os moradores, que já demonstram descrença no sistema eleitoral local.
A dúvida é ainda mais pertinente, considerando que a imagem da Justiça Eleitoral está diretamente ligada à confiança da população no processo democrático. Sem decisões claras e rápidas, o risco de desmotivação eleitoral aumenta, colocando em xeque a legitimidade das próximas disputas municipais.
Possível intervenção externa
A reportagem do Tudo é Política apurou que, diante do impasse, há indícios de que órgãos superiores podem ser acionados para avaliar a conduta do juiz. Caso ocorra uma troca, o novo magistrado precisará de pelo menos três meses para se inteirar dos autos, o que pode atrasar ainda mais o caso.
Essa situação reforça as suspeitas populares de que o objetivo seria atrasar o processo indefinidamente, garantindo que os atuais ocupantes dos cargos permaneçam no poder até que novas eleições estejam no radar.
Justiça tardia, mas necessária
Enquanto aguardam por justiça, os moradores de Simões Filho continuam frustrados com a falta de transparência e celeridade. Para especialistas, o caso pode servir como exemplo nacional sobre a importância de decisões rápidas e imparciais no âmbito eleitoral.
Portanto, cabe ao juiz eleitoral da comarca de Simões Filho demonstrar compromisso com a lisura do processo, garantindo que as denúncias sejam julgadas com base nos fatos e nas provas apresentadas. Afinal, a confiança da população depende da efetividade do sistema judiciário.
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