Na última segunda-feira (20), o senador estadual Bradford Blackmon, do Mississippi, apresentou um projeto de lei radical. O objetivo é multar homens que ejaculam sem a intenção de fertilizar um embrião. O projeto, chamado “Lei da Contracepção Começa na Ereção”, visa proibir a atividade sexual sem a intenção de gerar filhos e estipula penalidades financeiras severas.
Multas progressivas para quem não pretende ser pai
A proposta de Blackmon propõe que a masturbação e as relações sexuais sem o objetivo de fertilizar se tornem ilegais. Para quem descumprir a lei, as multas seriam progressivas: US$ 1.000 (cerca de R$ 5,9 mil) para a primeira infração, US$ 5.000 (aproximadamente R$ 29,5 mil) na segunda e US$ 10.000 (R$ 59 mil) para infrações subsequentes.
Apesar de parecer uma medida exagerada, Blackmon, um democrata em seu primeiro mandato, afirmou que a proposta tem um objetivo maior. Ele acredita que a maior parte dos projetos sobre contracepção e aborto enfoca apenas o papel da mulher. Em seu ponto de vista, homens também são 50% da equação e devem ser mais responsabilizados. “Essa proposta traz o papel do homem para a conversa”, disse.
Exceções previstas pela proposta
Embora radical, o texto prevê exceções, como a doação de esperma e o uso de contraceptivos para evitar a fertilização. Esses casos não seriam penalizados, desde que comprovada a intenção de evitar a gravidez. A proposta está gerando bastante polêmica nos Estados Unidos, e a aprovação dependerá da Assembleia Legislativa local, dominada por republicanos.
Inspiração para políticas conservadoras no Brasil?
Embora a proposta seja uma realidade nos EUA, ela pode servir como inspiração para políticos de direita no Brasil. Nos últimos anos, o país tem assistido ao crescimento de um movimento conservador, que tem buscado controlar o corpo e a sexualidade feminina. Não seria surpreendente ver figuras bolsonaristas tentando implementar leis semelhantes que também envolvam a paternidade e a sexualidade masculina.
Se a proposta de Blackmon for aprovada no Mississippi, ela poderá abrir o caminho para legislações que tratem o comportamento sexual como uma questão de controle social. Esses debates sobre controle reprodutivo, especialmente em um contexto de conservadorismo crescente, podem se expandir para o Brasil, onde o controle sobre as decisões reprodutivas continua a ser um tema controverso.
O futuro do controle reprodutivo nos EUA e no Brasil
Caso Blackmon consiga aprovação para sua lei, o Mississippi dará um passo significativo para regular a sexualidade masculina de maneira mais intensa. No entanto, a ideia ainda enfrenta muitos desafios. A sociedade americana, em grande parte, valoriza a liberdade sexual e o controle sobre o próprio corpo. Por outro lado, no Brasil, um movimento semelhante pode surgir, especialmente se se alinhar com a agenda de controle das relações pessoais proposta por políticos conservadores.
A proposta de Blackmon certamente não passará despercebida. Políticos de direita no Brasil podem tentar adaptar a ideia para seu próprio uso, buscando responsabilizar financeiramente os homens pela paternidade. A ideia de fazer do homem um “guardião” da fertilização pode ressoar entre algumas correntes ideológicas brasileiras, que já tentam regulamentar o corpo feminino com base em valores tradicionais.
Conclusão: Uma ideia polêmica e com potencial de influência
Embora a “Lei da Contracepção Começa na Ereção” ainda seja uma proposta em discussão, ela levanta questões sobre paternidade e o controle sobre a sexualidade masculina que não podem ser ignoradas. Se essa proposta for aprovada nos EUA, ela poderá servir de modelo para outros países, incluindo o Brasil, onde o debate sobre os direitos reprodutivos está longe de ser resolvido. O futuro das leis reprodutivas está mais imprevisível do que nunca, e pode ser apenas uma questão de tempo até que se desenvolvam propostas semelhantes por aqui.