A tentativa de Jair Bolsonaro de envolver Donald Trump em sua inelegibilidade e possíveis condenações gerou uma resposta rápida e contundente do Supremo Tribunal Federal (STF). Em declaração à imprensa, um ministro da Corte afirmou que “a hipótese de interferência do presidente dos Estados Unidos nas decisões de Cortes superiores do Brasil não pode ser vista senão como uma piada”. Ele acrescentou que Bolsonaro precisa, antes de tudo, de uma defesa técnica robusta, algo que não se encontra na Casa Branca.
Bolsonaro Lamenta Veto e Fala Sobre Trump
Após ser impedido por Alexandre de Moraes de comparecer à posse de Trump, Bolsonaro fez um pronunciamento em Brasília. Lamentando o veto à liberação de seu passaporte, ele falou sobre sua relação com o ex-presidente dos EUA. “Se Trump me convidou, é porque ele acredita que pode ajudar a democracia do Brasil, afastando as inelegibilidades políticas que enfrentei”, disse.
Embora Bolsonaro não tenha detalhado como Trump poderia auxiliá-lo, suas palavras sugerem que o ex-presidente dos EUA teria algum interesse em sua situação política. Em nenhum momento mencionou diretamente Moraes ou o STF, mas insinuou que Trump, assim como ele, teria sido alvo de “lawfare”, uma perseguição política disfarçada de processo legal.
Reação do Ministro do STF: Não Há Interferência Externa
O ministro do STF respondeu de forma incisiva, evitando especulações sobre uma possível reversão das decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o declararam inelegível até 2030. Ele destacou que qualquer revisão dessas decisões “deve ser submetida a um veredicto final da Suprema Corte”. Quanto à questão criminal, o magistrado se esquivou de fazer previsões, lembrando que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ainda não havia decidido se apresentaria denúncia sobre a tentativa de golpe de Estado.
Ironia e Crítica à Postura de Bolsonaro
O ministro do STF também fez uma crítica à postura de Bolsonaro, considerando seu pedido de ajuda de Trump como incoerente com o patriotismo que o ex-presidente frequentemente defende. Em tom irônico, afirmou que essa manifestação sugeriria que o Brasil seria uma “República capenga”, vulnerável à interferência de um presidente estrangeiro. “O ex-presidente deveria confiar em sua equipe de advogados, não em Trump”, disse ele.
O magistrado sublinhou que, para resolver suas pendências jurídicas, Bolsonaro precisa de apoio técnico. Interferência externa, segundo ele, não ajudaria em sua defesa legal.
A Expectativa de Bolsonaro e o Contexto Jurídico
A fala de Bolsonaro reflete sua visão de que seu drama político e jurídico poderia ser resolvido com apoio internacional. Porém, a resposta do STF foi clara: a resolução de seus problemas dependerá exclusivamente das decisões da Justiça brasileira. O ministro reforçou que, para o ex-presidente, é essencial confiar na equipe de defesa, e não buscar soluções fora do país.