A recente sinalização do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), de que o partido pode migrar para a oposição, gerou tensões no governo federal e acendeu um alerta no Palácio do Planalto. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que assume a Secretaria de Relações Institucionais nesta segunda-feira (10), intensificou as articulações para evitar um rompimento definitivo da legenda com a base governista. A crise política ameaça a estabilidade do governo Lula e coloca em xeque a governabilidade no Congresso.
Gleisi Hoffmann busca evitar rompimento do PP com o governo
Segundo informações da coluna da jornalista Tainá Falcão, da CNN Brasil, Gleisi Hoffmann planeja se reunir pessoalmente com o líder do PP na Câmara, deputado Dr. Luizinho (RJ), para entender as insatisfações da bancada. O PP, que conta com 50 parlamentares, tem reclamado do não cumprimento de acordos firmados pelo ex-ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, agora titular da pasta da Saúde. A falta de diálogo e o descumprimento de promessas são os principais pontos de atrito.
Descontentamento do PP com o governo Lula
Outro fator que alimenta a crise é o descontentamento do ministro do Esporte, André Fufuca (PP), que reclama da falta de orçamento para atender às demandas da bancada do partido. Além disso, pesa o tratamento dispensado ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que não teve espaço garantido na Esplanada. A principal expectativa do PP girava em torno do Ministério da Agricultura, atualmente comandado por Carlos Fávaro (PSD). A ausência de uma acomodação política para Lira é vista como um erro estratégico por aliados do governo.
Risco de Arthur Lira se tornar articulador da oposição
Nos bastidores, avalia-se que, caso o governo cedesse espaço a Arthur Lira, ele poderia ajudar a conter a rebelião interna no PP. No entanto, sem essa acomodação, até mesmo integrantes do PT reconhecem o risco de o deputado se tornar um dos principais articuladores da oposição. A possibilidade de Lira liderar uma frente oposicionista preocupa o Planalto, que busca evitar uma debandada de aliados.
Gleisi Hoffmann planeja imersão na base aliada
Para contornar a crise, Gleisi Hoffmann planeja uma verdadeira imersão nos partidos da base governista. O objetivo é mapear demandas e negociar soluções diretamente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre as prioridades da nova ministra está a busca por um nome de centro para liderar o governo no Congresso e garantir a coesão da base até 2026. A estratégia visa evitar que a instabilidade política comprometa a agenda do governo.
Governabilidade em risco
A possível migração do PP para a oposição representa um desafio significativo para o governo Lula. A crise política expõe fragilidades na articulação com a base aliada e coloca em risco a governabilidade. A atuação de Gleisi Hoffmann será crucial para evitar um rompimento definitivo e garantir a estabilidade necessária para a execução das políticas públicas nos próximos anos.