O Intolerado e o Intolerante: Quando a contradição vira meme

bandeira do movimento lgbt

Caro amigo nevegante, boa terça-feira! Todos viram. Circula pelos cantos virtuais de Simões Filho um vídeo digno de figurar em uma novela de realismo tragicômico. No papel principal, um personagem notório, daqueles que todos reconhecem de longe, mesmo que finjam não ver no mercado ou na missa de domingo. Ele, em tom de indignação fervorosa, desfiava queixas contra o desprezo recebido de quem ele, com a dedicação de um cordeiro fiel, apoiou nas últimas eleições. É a velha história: o apoiador não é reconhecido pelo apoiado, e, convenhamos, já estava na hora de alguém atualizar esse script.

Por que intolerado? Porque carrega consigo uma condição humana que merece respeito, mas que, paradoxalmente, é utilizada como bandeira para campanhas que buscam representatividade. Por que intolerante? Porque faz questão de gritar “amém” ao lado de quem não aceita nada fora das rígidas linhas de um Velho Testamento reinterpretado para caber no bolso dos lucros religiosos. É uma contradição ambulante que tropeça em si mesma a cada esquina.

O Extremismo que virou arma

Desde os dias gloriosos dos protestos contra “não só 20 centavos”, o Brasil entrou com força no circuito internacional do extremismo de direita. Exportamos ideias (ou a falta delas) e importamos discursos que armam não só a população, mas a própria lógica. Aqui, na não tão pacata Simões Filho, essa tendência encontrou terreno fértil. Não se fala mais de amor ao próximo, mas de controle do próximo. E, claro, tudo com a justificativa de proteger “pautas de costumes”. Curioso como essas pautas parecem sempre esquecer de incluir o básico: respeito e empatia.

Mas, eis que surge o espetáculo mais estranho da cidade. Quem deveria ser o maior defensor de uma minoria resolveu apoiar aqueles que jamais engoliram o que ele representa. Subiu em trios, pediu votos, fez vídeos emocionados, tudo em nome de uma aliança que já nasceu torta. A ironia é que, agora, sua indignação pública virou um meme. Ao invés de despertar solidariedade, arrancou risadas e o inevitável “bem feito”. O público é impiedoso quando o roteiro é fraco.

2025 e a nova onda da intolerância

Prepare-se: 2025 promete ser um ano conturbado para o mundo, e a intolerância já está afiando suas garras para um novo ataque. Só que desta vez, o cenário é ainda mais cruel. Líderes falsos, que se dizem defensores das minorias, precisam enxergar além de suas contas bancárias e do alcance de seus celulares. Caso contrário, sua indignação será tão relevante quanto uma live mal filmada: ignorada e esquecida. Quá quá quá!

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A lição aqui é clara, embora difícil de engolir para alguns. A representatividade não pode ser apenas um discurso vazio, nem uma moeda de troca para alianças frágeis. Quem quiser defender as minorias precisa, no mínimo, parar de carregar água para o moinho daqueles que querem secar o poço.

Finalizamos com um conselho ao intolerado: se a ideia era conquistar reconhecimento, talvez fosse melhor começar por reconhecer as próprias contradições.

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