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Bancada evangélica não fará oposição e mira apoio a Lula

Deputado Gilberto Nascimento - Líder da Bancada Evagélica

O deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), eleito para presidir a Frente Parlamentar Evangélica, adotou um tom de moderação em relação ao governo federal, mas não deixou de criticar a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista ao O Globo, Nascimento afirmou que a bancada evangélica não fará oposição sistemática, função que, segundo ele, cabe aos partidos políticos. No entanto, responsabilizou a condução econômica do governo pela insatisfação popular e destacou que a resistência dos evangélicos a Lula está ligada às chamadas “pautas ideológicas”.

Eleito com quase o dobro de votos do concorrente Otoni de Paula (MDB-RJ), que contava com a simpatia do Planalto, Nascimento teve o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do pastor Silas Malafaia. A vitória consolida sua liderança em um cenário marcado por polarizações, mas o deputado garante que buscará diálogo e unidade na bancada.

Diálogo e unidade na bancada evangélica

Nascimento afirmou que sua candidatura surgiu como uma resposta ao desejo de membros da bancada por um nome capaz de dialogar com diferentes setores. “Acabei sendo convidado pelos parlamentares que queriam alguém capaz de conversar com todos os lados e me coloquei”, explicou. Ele minimizou eventuais divisões internas, apesar da eleição ter sido marcada pela polarização entre alas bolsonaristas e governistas.

“Não há divisão. Hoje estavam presentes os três postulantes, e sentimos que compartilhamos das mesmas pautas e princípios. Vamos sair dessa confusão partidária. Política tratamos com os partidos. Temos membros desde o PSOL até o PL. Precisamos de diálogo, união e muito respeito”, declarou.

Resistência evangélica a Lula e pautas progressistas

Para Nascimento, a rejeição do presidente Lula entre os evangélicos está diretamente ligada às suas pautas progressistas. “O presidente acha por bem discutir temas mais conservadores, e isso gera insatisfação entre os evangélicos. Um exemplo claro é a liberação das drogas. Quando fala disso na igreja, todos colocam a mão na cabeça, há um desespero”, disse.

O parlamentar lembrou que, nos primeiros governos petistas, Lula mantinha uma boa relação com lideranças evangélicas. No entanto, segundo ele, a mudança de postura do governo contribuiu para o distanciamento da bancada. “O governo tem pautas muito mais abertas do que antes. Isso automaticamente tem deixado a desejar entre os evangélicos e piorado a situação”, pontuou.

Críticas à economia e postura do governo

Nascimento também criticou a condução da economia pelo governo Lula, afirmando que a população está sofrendo com a atual política fiscal. “O governo tem se pautado em gastos e não em economias, como deveria fazer. Isso, logicamente, afeta quem está na ponta”, afirmou.

Questionado se considera Bolsonaro um presidente melhor para os evangélicos do que Lula, Nascimento respondeu que cada um teve seu tempo, mas destacou que o ex-presidente “teve as pautas da família muito claras”.

Prioridades da bancada evangélica

O novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica afirmou que ainda está levantando os projetos prioritários da bancada, mas garantiu que seguirá acompanhando temas de interesse dos evangélicos e monitorando ações do governo. “A prioridade é continuar discutindo a nossa pauta e ficar no aguardo sempre de como será a posição do governo. Às vezes vem um decreto ou portaria que fere nossas pautas, então precisamos ficar atentos. Estaremos presentes e a postos para lutar, se preciso”, disse.

Uma das bandeiras da bancada neste ano deve ser a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do senador Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que amplia a imunidade tributária de templos religiosos. “Vamos trabalhar nela, claro”, confirmou Nascimento.

Com um discurso que tenta equilibrar moderação e alinhamento com a base bolsonarista, Gilberto Nascimento assume o comando da bancada evangélica em um momento de disputas internas e incertezas sobre a relação da frente com o governo Lula. Se manterá a postura de diálogo ou se tornará mais um bastião da oposição, o tempo dirá.

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