Textículos do Mário: Café da manhã com melão, melancia e promessas

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Caro amigo navegante, boa noite! E lá vamos nós outra vez. O novo presidente da Câmara assume o cargo e, como manda o figurino da política simõesfilhense, promove o tradicional café da manhã com a imprensa. O cardápio? Ah, esse já conhecemos de cor: fatias generosas de melão, muita melancia e, claro, aquele presunto estratégico para dar um ar de sofisticação ao encontro. No mais, discursos recheados de boas intenções e promessas requentadas no micro-ondas da política local.

O discurso de sempre

Com todo respeito ao amigo Itus Ramos, que assumiu, merecidamente, o comando da Casa Legislativa, a imprensa de Simões Filho já viu esse filme diversas vezes. O roteiro, como era de se esperar, segue o mesmo. Embora se fale muito em valorização, a relação entre poder público e imprensa continua desigual. O governo encara jornalistas como obstáculos que precisam ser contornados ou silenciados. Por outro lado, aqueles que aceitam atuar como porta-vozes da gestão recebem as devida$ recompensas. Já os que insistem em fazer jornalismo de verdade enfrentam dificuldades diárias para manter sua independência.

A rotina do início de gestão

Nos primeiros dias de mandato, todos os veículos de comunicação seguem a cartilha habitual. A imprensa local produz diariamente conteúdos que exaltam cada ato do prefeito e vereadores, transformando ações comuns em verdadeiras epopeias de dedicação e compromisso. Afinal, não basta apenas trabalhar; é preciso parecer que trabalha, e nisso, nossa política não decepciona.

Além disso, os textos carregam um tom de entusiasmo exagerado, vendendo a ideia de que cada projeto é uma revolução iminente. Contudo, sabemos que, na prática, as coisas não acontecem com a mesma grandiosidade que tentam transmitir.

Desinformação como ferramenta

Vivemos um momento preocupante, no qual a desinformação se consolidou como uma ferramenta poderosa para moldar a sociedade. Dia após dia, a população é empurrada para dentro de uma realidade fabricada, baseada em promessas e ilusões. Com o tempo, isso pode levar a um colapso inevitável.

No entanto, quando esse cenário se tornar insustentável, a culpa recairá, indubitavelmente, sobre a imprensa. Enquanto isso, continuamos comparecendo aos cafés da manhã, mantendo a falsa impressão de que existe uma relação equilibrada entre jornalistas e políticos.

O café servido é doce, mas a realidade amarga ainda prevalece. Enquanto degustamos melão e ouvimos promessas, a valorização verdadeira permanece como uma ideia distante.

A valorização que nunca chega

Infelizmente, enquanto a imprensa aceitar migalhas disfarçadas de ato de valorização, continuará sendo tratada como coadjuvante na história da cidade. Os jornalistas locais enfrentam um dilema constante: alguns se rendem às vantagens oferecidas pelo poder, enquanto outros entram em conflitos desnecessários com os próprios colegas.

Além disso, de tempos em tempos, surge uma nova leva de aventureiros, que rapidamente trocam a ética profissional por proximidade política. Basta criar um site na internet, pendurar um crachá no pescoço e pronto, já estão inseridos no jogo.

O ciclo sem fim

Mas tudo bem. Daqui a dois anos, outro presidente asumirá e outro convite surgirá. Outra mesa será posta, e lá estarão novamente o melão, a melancia e os velhos discursos reciclados, servidos como se fossem um banquete de reconhecimento.

Enquanto isso, continuamos enfrentando o dilema de sempre: pegamos mais uma fatia ou, finalmente, levantamos da mesa e exigimos uma valorização real?

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