Superdoações empresariais moldam câmaras municipais em 2024

Empresários utilizam superdoações para moldar câmaras municipais no Brasil em 2024

Empresários brasileiros utilizaram superdoações para eleger vereadores e prefeitos em diferentes municípios, moldando as composições das câmaras municipais. Além disso, essas doações levantaram debates sobre o equilíbrio democrático e o acesso privilegiado ao poder decisório.

O empresário paulista Rubens Ometto, maior doador individual das últimas quatro eleições, é um dos destaques. Ele ajudou a eleger cinco dos nove vereadores de São José da Laje (AL), município de 24 mil habitantes, e a prefeita eleita Vanessa (MDB). “As doações respeitam a legislação vigente”, afirmou por meio de sua assessoria.

Erasmo Batistella, empresário do ramo de biocombustíveis, seguiu o mesmo caminho em Passo Fundo (RS), onde apoiou financeiramente 14 dos 21 vereadores eleitos. Sua empresa, Be8, está sediada no município, e ele planeja expandir suas operações com uma nova planta industrial. Portanto, sua influência na região se destaca.

Um fenômeno nacional

Segundo levantamento do TSE, pelo menos oito cidades brasileiras terminaram as eleições de 2024 com “bancadas próprias” financiadas por empresários. As superdoações cresceram em volume, somando R$ 71,2 milhões entre as 20 maiores contribuições. Como resultado, o valor quase dobrou em relação às eleições anteriores.

Marco Antônio Teixeira, da FGV, destacou o impacto dessas doações. “Quem tem mais dinheiro constrói apoio e forma bancadas, o que cria um acesso privilegiado aos eleitos”, afirmou. Além disso, ele ressaltou que essa disparidade afeta a competitividade nas campanhas eleitorais.

Interesses e desenvolvimento local

Em Santos (SP) e no Rio de Janeiro, empresários do ramo imobiliário também moldaram as câmaras municipais. Alex Veríssimo Mendes, do Grupo Mendes, e Rogério Chor, da TGB Imóveis, apoiaram a eleição de vereadores em cidades onde possuem negócios.

Chor afirmou que não espera benefícios diretos, mas reconheceu a proximidade natural entre empresários e políticos. “Quando o município incentiva o empreendedor, beneficia o cidadão comum, pois é quem gera empregos”, defendeu. Por outro lado, ele admitiu que empresários doadores têm maior acesso aos eleitos do que a população em geral.

Um debate necessário

Enquanto as doações de pessoas físicas são permitidas por lei, especialistas alertam para a desigualdade que elas podem gerar. Por fim, com valores milionários em jogo, as eleições municipais passam a depender, em parte, do financiamento privado, o que influencia diretamente a representatividade política.

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