Gestão investe em rearborização após liberar projetos que reduzem cobertura ambiental em Salvador
A Prefeitura de Salvador renovou um contrato de R$ 9,98 milhões com a empresa Eco Irrigação e Jardim Ltda, responsável por serviços de paisagismo e arborização na capital baiana. O acordo foi assinado no último dia 20 e terá validade de 12 meses. Apesar do valor expressivo, a gestão de Bruno Reis (União Brasil) não apresentou detalhes sobre o número de mudas, as áreas contempladas ou como a população poderá acompanhar os resultados.
Contratos milionários e impacto ambiental
- Renovação de contrato de R$ 9,98 milhões com a Eco Irrigação
- Mais de R$ 50 milhões pagos pela prefeitura desde 2024
- Falta de transparência sobre mudas plantadas
- Projeto viário ameaça área de Mata Atlântica no Vale Encantado
Nos últimos 20 meses, a mesma empresa já recebeu mais de R$ 50 milhões da gestão municipal. Em 2025, foram R$ 20 milhões, divididos entre a Secretaria de Sustentabilidade (Secis) e a Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman). No ano anterior, em 2024, outros R$ 30 milhões foram pagos. Os dados constam no Portal da Transparência.
Ao mesmo tempo em que injeta cifras milionárias em contratos, a prefeitura encaminhou à Câmara Municipal um projeto que autoriza intervenção viária no Vale Encantado, uma das últimas áreas com Mata Atlântica preservada em Salvador. O texto foi aprovado pelos vereadores, levantando questionamentos sobre a coerência da política ambiental da cidade.
Rearborização e interesses econômicos
Enquanto obras de impacto ambiental são autorizadas, a gestão municipal apresenta a rearborização como compensação. O discurso oficial sustenta que Salvador precisa de mais áreas verdes, porém a ausência de metas claras levanta dúvidas sobre a efetividade.
Especialistas em urbanismo apontam que contratos dessa magnitude exigem indicadores objetivos. Até agora, a prefeitura não divulgou números de árvores plantadas, nem o real impacto no microclima urbano. A falta de transparência alimenta críticas de que os projetos priorizam mais o faturamento de empresas contratadas do que a preservação ambiental.
Transparência em debate
Foram assinados contratos milionários sem que a população tenha acesso a um cronograma detalhado. Embora os dados estejam disponíveis no Portal da Transparência, não há relatórios sobre a distribuição geográfica das mudas ou sobre a manutenção das áreas contempladas.
Neste cenário, a imagem que se constrói é de um prefeito que beneficia empresários com cifras expressivas enquanto a cidade perde espaços verdes importantes. Ainda que iniciativas de arborização existam, elas parecem caminhar lado a lado com a redução de áreas naturais, gerando uma sensação de contradição.
A gestão de Bruno Reis defende a expansão de áreas verdes em Salvador, mas mantém contratos milionários sem detalhamento de resultados. Enquanto isso, projetos viários ameaçam fragmentos importantes da Mata Atlântica. Resta à população cobrar maior transparência e fiscalização para garantir que os investimentos tragam benefícios reais ao meio ambiente.
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