Na última sexta-feira (14), a prefeitura de Salvador decidiu anular um leilão que vinha causando grande repercussão. O imóvel em questão, uma área verde localizada na encosta do Morro Ipiranga , entre o Cristo e o Clube Espanhol, havia sido arrematado por R$ 16 milhões no início deste ano. No entanto, a administração municipal optou por abrir um novo processo licitatório, marcado para o dia 15 de abril.
Com reportagem do Mertro1 – De acordo com declarações do prefeito Bruno Reis (União Brasil), a área faz parte de um pacote de 30 imóveis que estavam sendo leiloados pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz). O lance inicial fixado para o terreno era de R$ 4,95 milhões, mas detalhes sobre o comprador permanecem sob sigilo, gerando ainda mais desconfiança.
Críticas e controvérsias no caso da área verde
A decisão de vender o terreno gerou fortes críticas de especialistas em meio ambiente e urbanistas. Apesar de ser coberta por vegetação de restinga, o prefeito afirmou que a área “não servia para nada”. Ele também declarou que o espaço será destinado à construção de um empreendimento residencial ou comercial de alto padrão.
O silêncio da prefeitura sobre os dados do comprador levantou suspeitas. Até o fechamento desta edição, as informações não foram divulgadas no portal de transparência do órgão, como exige a legislação vigente. Essa falta de clareza reforçou a percepção de irregularidade no processo.
Hipóteses para o cancelamento do leilão
Especialistas consultados pelo mercado imobiliário baiano sugerem que o cancelamento do leilão pode estar relacionado a problemas na documentação apresentada pelo interessado. Segundo um consultor especializado em legislação urbanística, “muito provavelmente a prefeitura quer ganhar tempo para corrigir falhas no processo”.
Outra possibilidade é evitar novas complicações judiciais. A Justiça Federal já barrou a venda de outras áreas verdes na cidade, como a do Corredor da Vitória e outra na Avenida ACM. Esses casos foram suspensos após ação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU).
Nova licitação e o futuro do terreno
Com a abertura de um novo certame, a prefeitura busca garantir que o processo seja conduzido dentro dos conformes legais. No entanto, a falta de transparência continua sendo um ponto de atenção. Para especialistas, a venda de áreas verdes em encostas pode trazer impactos ambientais significativos, além de comprometer a segurança da população.
Contexto político e alianças no estado
Enquanto isso, a política baiana segue em destaque com articulações importantes. A deputada federal Lídice da Mata (PSB) está mobilizando uma emenda parlamentar para restaurar a Igreja de São Francisco, no Pelourinho, após o desabamento do teto em fevereiro. Além disso, o PDT enfrenta pressões internas para retornar à base aliada do governo estadual.
O caso do leilão área verde encosta reflete os desafios enfrentados pelas autoridades públicas ao equilibrar desenvolvimento urbano e preservação ambiental. Com a nova licitação marcada para abril, resta saber se a prefeitura conseguirá sanar as dúvidas e garantir um processo transparente e legal.