Depoimento ainda está em andamento no STF; ex-ajudante detalha reunião no Alvorada
O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9/6), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou ativamente da edição de uma minuta golpista. Segundo Cid, o documento foi elaborado em reunião privada entre Bolsonaro e o então assessor especial da Presidência, Filipe Martins, no Palácio da Alvorada.
De acordo com fontes que acompanham a oitiva, Cid relatou que o ex-presidente revisou o texto, retirando trechos que sugeriam prisões de autoridades, para torná-lo “mais palatável”. Ainda segundo Cid, ele teria dito ao ministro Alexandre de Moraes — relator do inquérito — que, na nova versão, “somente o senhor ficaria preso”.
Depoimento em andamento
O depoimento ocorre sob condução do ministro Moraes, que atua como juiz instrutor, com participação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e das defesas dos demais investigados, que têm direito a fazer perguntas por ordem alfabética. Não há tempo limite para cada rodada de questionamentos.
O que se sabe até agora
Segundo relatos preliminares, Mauro Cid afirmou que o texto original da minuta — produzido com Filipe Martins — previa medidas como estado de defesa, estado de sítio, prisão de ministros do STF e parlamentares, além da criação de um “conselho eleitoral” para refazer as eleições de 2022.
Em sua fala, Cid teria mencionado nomes de possíveis alvos do plano, incluindo ministros do STF e o presidente do Senado. Ele também afirmou que a iniciativa visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Bolsonaro no poder.
Delação voluntária
Mauro Cid destacou que sua colaboração com a Justiça está sendo feita por livre e espontânea vontade. A delação já resultou em informações sobre outros casos que envolvem o ex-presidente, como o uso irregular de cartões de vacina e o desvio de joias e presentes recebidos pelo governo.
Investigação em curso
O depoimento de hoje é considerado uma peça central para as investigações que apuram a tentativa de ruptura institucional após a derrota eleitoral de Bolsonaro. Também são investigados o general Braga Netto, Filipe Martins e outros integrantes da cúpula militar e civil próxima ao ex-presidente.
Expectativa para os próximos dias
A expectativa é que novos delatores sejam ouvidos nas próximas semanas, o que pode reforçar ou contradizer a versão apresentada por Cid. O Supremo Tribunal Federal utilizará os depoimentos para fundamentar uma eventual denúncia formal contra os investigados.






