Caro amigo navegante, bom dia! A Câmara Municipal de Simões Filho, apelidada nos últimos anos, sarcasticamente, de “Câmara do Amém”, parece ter trocado o tom, mas será que a letra do hino mudou? Sob a regência do novo presidente Itus Ramos, todos cantaram afinados na eleição. Mas a pergunta que ecoa pelos corredores da política local é: será que esse coral continuará ensaiando para agradar apenas ao prefeito, ou será que o maestro Itus nos brindará com algumas dissonâncias interessantes?
Itus Ramos: Maestro ou apenas mais um solista?
A eleição de Itus Ramos, realizada no início de janeiro, foi vista como um espetáculo raro na política: aplausos de pé de aliados e opositores. Com apoio unânime, até mesmo os opositores pareciam ter recebido uma dose generosa de cordialidade (ou seriam outros incentivos?). O discurso de posse emocionou, claro, mas as promessas de governabilidade e progresso são aquelas velhas canções que todo mundo conhece. O desafio agora é saber se serão cantadas de verdade ou se ficarão restritas aos ensaios.
E o que dizer do vereador Bombeiro Motta, conhecido por soltar faíscas? Desta vez, sua fala foi tão suave quanto uma balada romântica: “Quero trabalhar para o bem de Simões Filho”. Parece que até o fogo político da oposição foi abafado por essa onda de harmonia.
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Promessas, Progresso e… Amém?
É impossível ignorar o peso da trajetória de Itus. Filho de migrantes pernambucanos e ex-ajudante de pedreiro, ele encarna a narrativa clássica de superação. De empresário a político habilidoso, sua ascensão inspira. Mas será que esse “homem do povo” conseguirá resistir à tentação de continuar com a política do “amém” já tão bem ensaiada na gestão anterior?
Simões Filho merece mais que uma Câmara que faz coro às vontades do prefeito. A cidade precisa de fiscalização séria, debates calorosos e propostas reais. Afinal, governabilidade não é sinônimo de submissão, certo? Ou será que os cidadãos terão que mudar o bordão para “Câmara do Amém 2.0”?
Nova mesa, velha melodia?
A mesa diretora, composta por figuras como Joka da Farmácia e Sid Serra, promete diversidade e pluralidade. Mas é bom lembrar: diversidade política não garante pluralidade de ideias. Com uma composição dominada por aliados do prefeito Del, a tendência é que o tom continue afinado com o Executivo.
Enquanto isso, a oposição, que poderia trazer contrapontos, parece mais preocupada em acertar as notas do que desafinar.
Expectativas e desafios
A presidência de Itus tem potencial para ser um divisor de águas. A unidade política, vendida como trunfo, pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. Por um lado, facilita a aprovação de projetos; por outro, corre o risco de transformar a Câmara em uma extensão do gabinete do prefeito.
Simões Filho precisa de um legislativo que não apenas aplauda, mas também critique, proponha e questione. Resta saber se Itus terá coragem de conduzir a orquestra nesse novo ritmo ou se seguirá no padrão que o apelido da casa já denuncia.