O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) anunciou nesta quinta-feira (17) o fim da greve de fome que havia iniciado no dia 9 de outubro. O protesto foi motivado pela recomendação do Conselho de Ética da Câmara para a cassação de seu mandato, após um episódio envolvendo agressão física a um militante do MBL (Movimento Brasil Livre). Após negociação com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), o parlamentar decidiu suspender o ato.
Pontos principais do caso:
- Recomendação de cassação por 13 votos a 5 no Conselho de Ética.
- Protesto durou oito dias, com Glauber consumindo apenas água, soro e isotônicos.
- Acordo prevê pausa de 60 dias antes de qualquer decisão no plenário da Câmara.
- Deputado apresentará recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
“Quero agradecer profundamente aos movimentos sociais, organizações políticas e veículos de imprensa que deram peso a essa denúncia”, afirmou Glauber em coletiva. “Anuncio que estou suspendendo a greve de fome, mas não estamos suspendendo a luta contra o orçamento secreto, contra o poder oligárquico e contra os golpistas de plantão.”

De acordo com sua assessoria, o deputado perdeu cinco quilos durante o período de jejum. Agora, ele seguirá um protocolo médico para retomar a alimentação normal. Antes do anúncio oficial, Glauber submeteu o acordo com Hugo Motta a uma plenária popular , realizada no plenário 5 da Câmara, com cerca de 30 apoiadores presentes, incluindo Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial.
Acordo com Hugo Motta: o que diz?
O presidente da Câmara comprometeu-se a não pautar a representação no plenário por pelo menos 60 dias , prazo necessário para que Glauber apresente recurso à CCJ na próxima terça-feira (22). “Garanto que, após a deliberação da CCJ, qualquer que seja ela, não submeteremos o caso ao plenário antes desse período”, declarou Motta em sua página no X (antigo Twitter). Após esse intervalo, os deputados decidirão soberanamente sobre o processo.
A eventual cassação do mandato de Glauber seria um marco histórico. A Câmara nunca puniu um deputado com perda de mandato por agressão física. No entanto, a história da Casa registra diversos casos de violência que jamais resultaram em penalidades semelhantes. Entre eles estão socos desferidos em sessões plenárias e episódios recentes de comportamento agressivo.
Luta política continua
Embora tenha encerrado o protesto, Glauber Braga destacou que continuará mobilizado contra o orçamento secreto e outras bandeiras de seu partido. Aliados do PSOL e do PT seguem buscando costurar acordos para evitar a cassação, enfrentando resistência de integrantes do centrão, grupo majoritário na Câmara.
“Este é um momento crítico, mas também uma oportunidade para expor as injustiças do sistema político brasileiro”, concluiu o deputado.