A relação entre o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), e o empresário Samuca Franco, investigado pela Operação Overclean, levanta novos questionamentos sobre possível uso indevido de patrimônio. Segundo apuração do portal Metrópoles, o prefeito teria participado pessoalmente da escolha e da reforma de um imóvel de luxo no condomínio Bay View, em Barra Grande, mesmo o apartamento estando registrado em nome de Franco, apontado como operador de um esquema bilionário de corrupção.
Imóvel de luxo teria sido reformado sob orientação direta de Bruno Reis
De acordo com documentos e relatos de moradores, corretores e prestadores de serviço, Bruno Reis teria solicitado pessoalmente serviços de decoração e climatização no apartamento localizado na Península de Maraú, área nobre do litoral baiano. O imóvel, avaliado hoje em cerca de R$ 1,5 milhão, permanece registrado no nome de Samuca Franco.
O condomínio Bay View é conhecido por abrigar imóveis de alto padrão voltados para a Baía de Camamu, e também é onde o ex-prefeito ACM Neto, padrinho político de Bruno Reis, possui residência.
Prefeito e empresário são sócios em empreendimento imobiliário
Além do uso do imóvel, Bruno Reis e Samuca Franco são sócios desde 2022 na empresa SPE Vento Sul Empreendimentos Imobiliários Ltda. A participação do prefeito, de 10%, foi feita por meio da BB Patrimonial, empresa da sua família, em negócio fechado diretamente com Franco, que detém os outros 90%.
As ligações vão além da sociedade empresarial. Em vídeo gravado, Bruno Reis chama Samuca Franco de “irmão que a vida deu” e afirma manter contato frequente por telefone com o empresário investigado.
Operação Overclean investiga esquema bilionário com envolvimento de aliados políticos
A Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), apura o desvio de mais de R$ 1,4 bilhão em contratos públicos do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). Entre abril de 2022 e março de 2024, Franco teria recebido mais de R$ 500 mil de empresas de fachada, como a BRA Teles Ltda. e a FAP Participações Ltda.
A investigação já afastou figuras próximas ao prefeito, como Bruno Barral, ex-secretário de Educação de Salvador. Outro nome envolvido é o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), aliado do grupo político de Bruno Reis e ACM Neto. Por ter foro privilegiado, o caso de Elmar tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob sigilo, com relatoria do ministro Kassio Nunes Marques.
Defesa e Polícia Federal não comentam o caso
Procurada, a Polícia Federal afirmou que não comenta investigações em curso. A defesa de Bruno Reis também não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
