Neste domingo (30), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) liderou um ato em São Paulo que reuniu manifestantes contra a possível anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos nos atentados às instituições democráticas ocorridos no dia 8 de janeiro. A concentração começou na Praça Oswaldo Cruz, com a marcha seguindo até o antigo Dói-Codi, no bairro do Paraíso, local histórico marcado pela repressão durante a ditadura militar.
O evento, organizado pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular , carregava simbolismo especial. Isso porque, segundo Boulos, “amanhã completa 61 anos do golpe militar de 64”. Ele destacou a importância da luta pela democracia e ressaltou: “Estamos aqui defendendo punição aos golpistas, em memória das vítimas da ditadura e daqueles que deram suas vidas para que pudéssemos estar hoje nas ruas lutando por justiça”.
Críticas à extrema-direita e defesa de pautas populares
Durante o discurso, Boulos acusou o bolsonarismo de sabotar as pautas prioritárias da população brasileira. Segundo ele, “essa gente é covarde, é sem vergonha”, referindo-se à postura de adversários políticos que, em sua visão, buscam fugir da responsabilidade penal ao mesmo tempo que boicotam avanços sociais.
“Agora eles só falam de anistia, mas são contra tudo que beneficia o povo brasileiro”, afirmou. Entre os exemplos, ele citou propostas como o corte de impostos para quem ganha até R$ 5 mil, o fim da escala 6×1 e a isenção tributária para alimentos da cesta básica.
“Ainda vamos levar marmita pra ele na Papuda”
Em tom provocativo, Boulos também enviou um recado direto ao ex-presidente Bolsonaro. Ele relembrou declarações feitas por Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018, quando prometeu prender integrantes da esquerda e movimentos sociais.
“Quando Bolsonaro se elegeu, ele disse que ia botar os vermelhos, o movimento social e a esquerda na cadeia ou na Ponta da Praia. Vocês se lembram? Mas o mundo gira, e nós ainda vamos ter oportunidade de pegar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara e levar a marmita da Cozinha Solidária pra ele lá na Papuda. Espera que esse dia vai chegar. Não tem anistia pra essa turma!”, declarou.
Uma marcha pela memória e justiça
A escolha do destino do ato – o antigo Dói-Codi – também foi estratégica. O local, conhecido por abrigar torturas durante a ditadura militar, serviu como símbolo da luta contra a impunidade e pelo respeito à história. Para os organizadores, trata-se de uma mensagem clara: não há espaço para retrocessos democráticos no Brasil.
Além disso, os manifestantes reforçaram a necessidade de responsabilização legal dos envolvidos nos crimes de 8 de janeiro. “Não podemos permitir que essas pessoas saiam impunes. A democracia precisa ser defendida todos os dias”, concluiu Boulos.