O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga afirmou que os gastos públicos no Brasil estão “totalmente descontrolados” e sugeriu uma medida drástica: congelar o salário mínimo em termos reais por seis anos , sem aumento acima da inflação, como parte de um esforço para corrigir as contas nacionais.
Principais propostas para enfrentar a crise fiscal
- Congelamento do salário mínimo por 6 anos
- Redução dos gastos tributários em 2% do PIB
- Reforma radical na folha de pagamento do Estado
“A conta gigante é a Previdência. Precisa de uma reforma grande”, destacou Arminio durante sua participação na Brazil Conference , evento organizado por estudantes brasileiros de Harvard e do MIT. Ele enfatizou que o salário mínimo tem impacto direto nos gastos públicos e propôs limitar seu crescimento ao índice inflacionário.
Segundo ele, esta solução não seria bem recebida pelo presidente Lula, mas seria essencial nas atuais circunstâncias. “Não dá para fazer o salário mínimo ficar crescendo 2,5% nessas condições” , disse. O economista ainda defendeu cortes nos gastos tributários equivalentes a 2% do PIB, o que somado ao congelamento do salário mínimo, poderia gerar uma economia de cerca de 3% do PIB.
Atualmente, o salário mínimo está fixado em R$ 1.518 e deve subir para R$ 1.627 até 2026 , conforme projeções divulgadas pela Folha de S.Paulo . A regra atual estabelece que o ganho real do salário esteja atrelado ao crescimento do PIB de dois anos antes, mas com um teto de correção entre 0,6% e 2,5% ao ano.
Para Arminio, 80% dos gastos públicos estão concentrados na folha de pagamentos da Previdência e dos estados. Ele ressaltou que esse percentual deveria ser reduzido para 60%, o que exigiria mudanças significativas nos gastos governamentais.
Além disso, o economista expressou preocupação com a política internacional liderada por figuras como Donald Trump. “Quando vejo Trump maltratando e humilhando o Canadá e o México, fico assustado” , declarou. Para ele, os EUA sempre foram uma “estrela guia” para o mundo, e a perda de influência diplomática (soft power ) pode representar riscos globais.